No contexto da abordagem sistematizada do desempenho humano, a força traduz a capacidade da musculatura produzir tensão, ou seja, aquilo que se denomina vulgarmente por "contração muscular"
A fisiologia diz-nos que a maior ou menor capacidade de produção de força estabelece uma relação direta com o número de pontes cruzadas de miosina que interacionam com os filamentos de actina, com o número de sarcómeros, com o comprimento e o tipo de fibras musculares e com os fatores inibidores ou facilitadores da atividade muscular.
A Força Máxima, que é solicitada no Powerlifting, demora em média 0,8 segundos a ser atingida e traduz-se no máximo valor de força oferecido por uma resistencia que o individuo consiga igualar.
A Força Rápida, requerida na Halterofilia, trata-se do máximo valor de força que o indivíduo consegue produzir até aos 0,4 segundos. Estão muito intimamente ligadas. Quanto mais alto for o valor da força máxima (máximo valor alcançado em 0,8seg) maior será o potencial de força rápida (máximo valor até aos 0,4seg). O contrário também se passa, ainda que com algumas nuances. Quanto maior a força que consigas alcançar em 0,4seg, à partida, se prelongares a linha que relaciona força com tempo, maior será também aos 0,8seg o valor da força produzida.
(Curva que relaciona a produção de força com o tempo)
O que se passa é que depois nem sempre um atleta explosivo consegue ter valores de força absoluta tão elevados como um atleta proveniente de desportos de "Força Pura". Vice-versa acontece o mesmo!Como mostra o gráfico seguinte, o número de unidades motoras recrutadas (conjunto formado pelo músculo e pelo neuróneo que o enerva) é tanto maior quanto maior for a tensão muscular (resultante da força produzida). A máxima tensão muscular não se atinge de forma instantânea. Longe disso! Demora em média 800ms a ser alcançada.
Ao colocarem em tensão maior número de unidades motoras durante treinos e competições, os atletas de desportos vulgarmente designados de "força pura" (como os powerlifters) obtêm maior hipertrofia muscular que os atletas de modalidades desportivas mais dependentes da força rápida (ex. Halterofilistas).
Os atletas de "força pura", pelo hábito, tornam-se também mais eficientes a solicitar a totalidade das suas unidades motoras (processo fundamental para a produção da FORÇA MÀXIMA), sendo essa mais uma razão para justificar a sua evidente maior capacidade de produção de FORÇA MÁXIMA.Os Halterofilistas têm um declive na curva força/tempo muito elevado (chegam rápido à sua máxima força). Enquanto que os Powerlifters têm um declive inferior, mas atingem um valor mais alto mais tarde (aos 0,8seg). O referido declive da linha que relaciona Força com Tempo dá-nos aquilo a que se chama de "Taxa de Produção de Força". Os Halterofilistas e os lançadores no Atletismo serão os Atletas com maior Taxa de Produção de Força. A força mede-se no Powerlifting (PL). Na Halterofilia mede-se a potência (ou Força Rápida)
Recorrendo a uma metáfora automobilistica: É como se o PL fosse o conta-quilómetros e a Halterofilia fosse o conta-rotações (que traduz a potência do motor). Depois, mais abaixo (ou mais cedo, como se queira) na linha força/tempo, temos ainda a Força Inicial, que era a tão bem demonstrada pelo Bruce Lee (e fundamental em muitos desportos coletivos, de combate, esgrima, ping-pong, alguns lançamentos no atletismo, corrida de velocidade, etc...) Esta "Força Inicial" traduz o máximo valor de produção de força num movimento até aos 0,2 segundos. Para dar, por exemplo, um soco, o executante terá de produzir uma contracção que vença a inércia da massa do braço (e do resto do corpo, dado que o soco inclui movimento global do corpo). Ora quanto mais elevado for o valor de força produzido nessa contracção, com duração até 0,2seg, maior rapidez e consequente força de impacto terá esse soco. A Força Resistente poder-se-à explicar como sendo a capacidade do indivíduo manter ao longo de um determinado tempo a produção de um valor de força o mais próximo possível do valor da FORÇA MÀXIMA. Portanto, já temos:
-FORÇA MÁXIMA (caracteristica do Powerlifting);
-FORÇA RÁPIDA, ou POTÊNCIA (solicitada na Halterofilia, em lançamentos no Atletismo, etc)
-FORÇA INICIAL (necessária para movimentos muito rápidos, mas vencendo resistências pequenas)
-FORÇA RESISTENTE (necessária fundamentalmente em desportos como o remo, a canoagem, alguns eventos de StrongMan, natação e muitos outros desportos)
Agora só falta referir o tipo de força característico da pliometria. Ou seja, a força requerida por exemplo no Salto Triplo, ao saltar à corda, ao executar flexões/extensões de braços em decúbito facial batendo palmas entre cada repetição, etc. Trata-se do "CICLO-ENCURTAMENTO-ALONGAMENTO-MUSCULAR". Este tipo de força está muito relacionado com o arco reflexo (aquilo que o médico avalia quando bate com o mertelinho no joelho do doente, abaixo da rótula, mais precisamente no tendão rotuliano) e com a visco-elasticidade dos tecídos contráteis (músculos) e cartilagíneos (tendões, cartilagens, ligamentos e fáscias.
CONSTATAÇÕES:
-Deve-se ter em conta que não existem divisões estanques na solicitação dos tipos de força por parte das diferentes modalidades desportivas. Veja-se por exemplo o caso da Halterofilia e do Powerlifting: Embora requeiram fundamentalmente FORÇA RÀPIDA e FORÇA MÁXIMA respectivamente, um outro tipo de força assume por vezes grande impotância nos 2 movimentos de Halterofilia e no Agachamento do Powerlifting. Esse tipo de força é o "CICLO-ENCURTAMENTO-ALONGAMENTO-MUSCULAR". Quem está familiarizado com as duas modalidades pode fácilmente lembrar a descida rápida para aproveitar o "efeito elástico" tão característica nalguns atletas de topo.
- O desenvolcimento da FORÇA MÁXIMA assume uma grande impotância como base para a construção de todos os outros tipos de força. É do desenvolvimento da FORÇA MÁXIMA que advem o desenvolvimento da generalidade de todos os outros tipos de força. Sendo este fato detectável até aquando da observação do planeamento anual de qualquer modalidade desportiva. A única excepção é o ciclo-de-encurtamento-alongamento-muscular, sub-classificação da Força com a qual não se encontrou uma relação tão direta para com a Força máxima.Por este motivo, a hierarquização das sub-classificações da FORÇA nos manuais académicos do estudo da capacidade condicional denominada "FORÇA" é sempre liderada pela FORÇA MÁXIMA.
- Toda a atividade motriz, levada a cabo quer por parte no ser humano quer por qualquer outro animal, exige produção de força. Desde o simples pestanejar de olhos até ao Levantamento de Terra mais pesado, passando pela corrida de fundo, pela dança, pelo "teclar" num computardor ou pelo ato da fala, tudo requer produção de força. A capacidade de produzir força poder-se-à considerar assim como a base e condição imprescindível à existência do ser humano. As capacidades condicionais do desempenho humano são Força, Velocidade, Resitência e flexibilidade. No entanto outras abordagens vêm surgindo nos últimos tempos que apontam para outras formas de sistematização. Se pensarmos bem, concluimos que o indivíduo para se mover depressa (velocidade) tem de produzir sequencialmente elevados valores de FORÇA INICIAL. Para se mover procurando manter o máximo desempenho possível durante um determinado tempo (resistência), o indivíduo terá de produzir forças procurando que o valor médio destas se aproxime o máximo possível do valor da força máxima, falamos pois aqui de FORÇA RESISTENTE. Relativamente à Flexibilidade, muitos autores a incluem não no grupo das capacidades condicionais, mas no grupo das capacidades coordenativas. Dado que está extremamente dependente da capacidade de inibição das contrações reflexas resultantes do alongamento muscular momentâneo.
Desta forma, pelo exposto, é pois tentador levantar a tese de que apenas uma "Grande Capacidade Condicional" delimita a performance humana, é ela a FORÇA! Tentador e, a meu ver, completamente correto!- Por dedução, os últimos dois pontos levam-nos à conclusão de que a Hierarquização na relevância das capacidades condicionais para vida do ser humano é liderada pela FORÇA MÁXIMA.
Fonte:http://www.powerlifting-pt.com/
Link:
http://www.powerlifting-pt.com/biblioteca/perceber-o-que-a-fora/
2 comentários:
Um bem haja para estes companheiros amantes do treino da força!
Bom blog, sim senhor!
:)
Mas poderiam ter colocado a fonte de onde provem esse texto:
http://www.powerlifting-pt.com/biblioteca/perceber-o-que-a-fora/
e aqui também:
http://www.bodybuilding-pt.com/forum/showthread.php?t=2285
Sou o autor desse texto (crosstrainer no forun. O meu nome é José Manuel Rosado Batista)
Muito obrigado por informar a fonte desse artigo, não lembrava de onde havia copiado,já estava salvo no meu computador há muito tempo,é muito bom e resolvi publicar.Parabéns ao José Manuel Rosado Batista
Criticas e sugestões são sempre bem vindas.
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